A maioria das pessoas - tanto homens quanto mulheres - possui dentro de si o desejo de ter filhos, de poder continuar existindo através de um outro que o represente. Porém, isto não necessariamente tem a ver com continuidade genética, uma vez que é possível também se fazer existir por meio de valores e atitudes repassados a uma criança com a qual não há laços consangüíneos.
Nem todas as famílias possuem uma configuração na qual há continuidade genética. As relações parentais que se formam nas famílias adotivas são baseadas fundamentalmente em laços de amor que unem seus membros. A palavra adoção significa cuidar, considerar, se apropriar; é também o ato de dar um lar a crianças que não puderam ser criadas por seus pais biológicos; e significa ainda, a possibilidade de ter filhos para pessoas que enfrentam problemas de fertilidade ou que optaram por cuidar de crianças sem ter laços biológicos.
Muitas formas de adotar
No caso de casais com dificuldades para engravidar, nota-se que a adoção surge como uma outra porta que pode ser aberta para a maternidade/ paternidade. Para que essa porta possa se abrir, é necessário que o luto pela perda do filho biológico não gerado possa ser vivenciado. Não há como adotar uma criança, de forma saudável, sem passar pelo processo de aceitação e elaboração da infertilidade, pois após esse período, o casal poderá, aos poucos, abrir espaço emocional para a chegada do filho de uma outra forma, diferente da idealizada, de uma forma possível e não menos satisfatória.
Ainda, para os casais que enfrentam problemas de infertilidade, uma das formas de adoção é a ovodoação e/ou adoação de espermatozóide. A doação de gametas está indicada para os casais inférteis em que um ou ambos não possuem gametas. No Brasil, a Resolução CFM Nº 1358/92 regulamenta que a doação deverá ser gratuita e a identidade dos doadores mantida em segredo. O anonimato evitaria o aparecimento de situações emocionais e legais oriundas do relacionamento receptor-doador, com repercussões também no desenvolvimento das crianças geradas por esses procedimentos. Em outros países como Inglaterra e Estados Unidos, é possível que uma mulher apresente a doadora de óvulos para a clínica de fertilidade. Por outro lado, esses mesmos países exigem o anonimato para doação de sêmen.
Nos casos de adoção de gametas (óvulo e/ou espermatozóide) é importante que o casal esteja estruturado emocionalmente para esse procedimento e que não haja dúvida alguma das partes quanto à aceitação dessa técnica de reprodução assistida. Além disso, é necessário também ressaltar que o preparo emocional é almejado também para a doadora de gametas, objetivando não existirem fantasmas posteriores ao tratamento, como, por exemplo, a busca futura de crianças que tenham seu perfil genético. Assim, o acompanhamento psicológico, antes e depois do procedimento de reprodução assistida, é sempre oportuno, tanto para a doadora quanto para a receptora.
Um outro enfoqueFaz-se relevante destacar também, no caso da adoção tradicional , que o desejo de ajudar uma criança não é suficiente para que a adoção se dê, pois não estamos falando de um ato de amor ao próximo, e, sim, da constituição de uma família, dentro da qual é necessário que essa criança tenha um lugar de filho, assim como qualquer filho biológico. A criança adotiva precisa se sentir escolhida e desejada por seus pais. É por isto que a adoção sempre implicará em tomar para si algo que antes era estranho e que, com o tempo, poderá se tornar muito familiar.
Luciana Leis é psicóloga da Clínica Gera e é especializada no tratamento de casais com problemas de fertilidade. Para saber mais sobre o seu trabalho, é só acessar:
http://compartilhandovivencias.blogspot.com..."...
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